Tem brinquedos que permanecem, vão além da infância ou poderiam ir se deixássemos.
Tem o futebol profissional, mas também tem o que se joga na esquina, entre amigos, num terreno vazio.
Tem a costura que mantém a família ou que se faz porque ajuda a economizar e dá prazer ver um filho, um neto vestindo um “foi feito por mim”.
Tem também a poesia que só eu sei onde guardo.
Tem o fotógrafo que exercita o olhar e os que guardam num HD ou na nuvem imagens, prazeres, lembranças…
Muitos adultos dizem:
“Não levo jeito pra isso!”
E no caso das artes plásticas:
“Sou péssimo no desenho! Não entendo nada de arte!” Como se arte fosse técnica de desenho.
Não é preciso saber nada para se ter prazer pintando, modelando… Basta lembrar como se brincava na infância, como éramos espontâneos. Como vivíamos para o momento.
Adultos que são pais, tios, avós… dão e recebem muito quando contemplam as produções infantis, mas aprendem ainda mais quando fazem.
Com a arte as crianças brincam até com coisas sérias, falam dos medos, sonham e criam formas para o que imaginam. E tem uma coisa muito importante: transformam dúvidas em possibilidades. Pois é, sobre suas dúvidas as crianças perguntam, já os adultos guardam.
Dá para se fazer muita arte com as crianças, sem ensinar, sem corrigir. Apenas experimentando e descobrindo com elas um mundo menos concreto, mais amplo.
Manter a imaginação e a arte presentes entre crianças e adultos produz vínculos intensos e resistentes, porque são as subjetividades que efetivamente nos ligam.
Aprendizado é certamente um fruto garantido que essa experiência traz.