Quando se pensa em cognição é comum depositar na escola essa responsabilidade e somente nela a tarefa de estimular nossas crianças para o aprendizado. No entanto, a cognição não é atributo exclusivo da escola, nem mesmo durante o processo formal de aprendizagem. Na verdade, pais e professores devem dividir essa oportunidade.
Todos nós educadores, pais e professores, precisamos lembrar que os exercícios cognitivos se iniciam com o nascimento, através de percepções sensoriais e emocionais, desde o primeiro contato do bebê com a mãe, ou representante, e o mundo.
Essas fontes de estímulo ao cognitivo iniciam muito cedo, mas vão ganhando novas formas, e assim produzindo novos conteúdos durante toda a vida; modificando e nutrindo os indivíduos por tempo indeterminado.
É claro… a escola cumpre um papel de grande importância nessa área, mas os pais têm muito a oferecer quando, por exemplo, escutam seus filhos, contam histórias ou simplesmente respeitam as histórias e opiniões deles. Também auxiliam quando estimulam o olhar de seus filhos para aspectos da natureza ou até mesmo quando pedem que seus filhos escolham as melhores batatas para serem compradas no mercado.
Agora vamos nos voltar para dentro da escola e pensar o seu papel no universo cognitivo.
Imenso, aliás toda a sua atuação é baseada no estímulo às conquistas do conhecimento onde, claro, também se inclui a socialização.
Mas é importante pensarmos que não é apenas a grade formal de matérias da escola que oferece desenvolvimento para o cognitivo. Os estímulos estão dentro e fora dos conteúdos selecionados para as matérias ou para os projetos do semestre.
Bom, para tentarmos organizar esse pensamento de certa forma tão abstrato, divido a cognição de duas maneiras:
A cognição formal e a cognição criativa.
A cognição formal é da maior importância e diz respeito aos conceitos escolares típicos, assim como também grande parte dos conteúdos acadêmicos.
Esse tipo de cognição, a cognição que chamo de formal, quando bem realizada, transforma informações em conhecimento. Mas para isso ela precisa ser sujeitada pelo indivíduo. E o que significa isso, ser sujeitada? Ser subjetivada.
Uma informação precisa passar pelo sujeito para que possa acrescê-lo desse conhecimento. O conhecimento, portanto, é sempre particular e sua forma é dada por quem o transformou.
Uma informação não sujeitada, ou seja: uma informação que não passou pelas percepções de um aluno, se mantém como simples informação, algo externo a ele e nada mais.
Agora vamos falar sobre a cognição criativa:
O criativo sem dúvida está contido na arte, o que a torna uma importante fonte para o desenvolvimento dessa cognição. É através dela que se exercita a subjetividade.
Com o exercício da cognição criativa, tão bem estimulada pela arte-educação, os alunos descobrem que nem tudo precisa estar atrelado ao certo ou errado, mas tudo pode pertencer ou não a eles. Isso se chama competência; essa experiência que promove o desenvolvimento da particularidade, amplia a autoestima e favorece o reconhecimento de si mesmo como sujeito individual e social. São essas aquisições que levam os alunos a desejarem o aprendizado.
É a cognição criativa que facilita a passagem de uma experiência externa, ou seja, vinda do social, lugar onde se inclui o ensino escolar e familiar, para o interno, aonde a experiência irá se misturar às emoções do aluno.
Quando associada aos conteúdos oferecidos pela cognição formal, a cognição criativa é a grande parceira, promotora dessa transformação que estamos falando, das informações em conhecimento.
Nós, pais e professores, precisamos nos conscientizar de que apenas o conhecimento formal não basta. Precisamos dessa associação entre o formal e o criativo. Também apenas a escola não basta, precisamos de uma intensa relação entre pais e escola.