Isso é que é arte!
Exclamou a menina enquanto misturava sua imaginação com o prazer sensorial da argila.
O jovem professor apenas sorriu pensando: Que bom que me controlei e me mantive silencioso…deixei livre o espaço para ela reproduzir suas histórias sem os ruídos das minhas.
Nem sempre é assim que funcionam as aulas de arte, especialmente nas escolas. É comum professores de arte, ou que lidam com ela, corrigirem cores, apontarem desproporções ou faltas de partes do corpo humano. Eu diria que parece existir em alguns, uma compulsão pelo ensinar. Desacreditam no silêncio.
O profissional que se dispõe ao exercício da arte-educação precisa estar ciente dos desafios que a profissão exige. Um arte-educador é um instigador da criação, portanto também um promotor do pensar particularizado e da reflexão. Procura agir de forma a promover revisões no olhar e no sentir de seus alunos. Porém, se não houver uma também constante revisão de valores e estéticas pessoais, torna-se difícil atribuir credibilidade às suas apresentações de aula, intervenções e principalmente às opiniões sobre os processos e produtos apresentados.
Conduzir uma aula quando ainda se está comprometido com uma estética formal e acadêmica; como por exemplo:
Procurar representações realistas em cores formas e composições, superestimar técnicas e efeitos visuais, adotar semelhanças com obras famosas como critério de qualidade, ou simplesmente achar louvável a combinação de cores quando estão em sintonia com os critérios da moda, é sem dúvida a fórmula mais poderosa de aniquilação da arte ou de seu interesse por ela, em qualquer criança.
Um professor consciente de suas limitações estéticas pode renovar-se constantemente, apenas observando seus alunos e aprendendo especialmente com os menores. Eles costumam nos ensinar a pensar, olhar e agir com liberdade.