Custei a acreditar… mas também, que ingenuidade ainda me chocar com os desserviços educacionais de algumas escolas.
Quando a professora de artes de uma instituição particular cara e bem conhecida aqui no Rio trouxe esse caso, seu desconforto era tamanho que talvez mais do que pessoalmente impactado com o ocorrido, me solidarizei com sua revolta.
A tal escola, há uns 20 dias vem se preparando para o próximo evento do calendário: “O dia das mães”.
Já que essas datas parecem ter se tornado obrigatórias no currículo de nossas vidas e inevitáveis no calendário escolar, espera-se que ao menos haja vontade dos filhos presentearem suas mães e ainda, que essa vontade coincida com o dia escolhido pelo comércio.
Bom, como tarefa típica das aulas de arte, os dias de “alguma coisa” sempre recaem como “missão” para seus professores. Neste caso, não foi diferente. Foi sugerido pela direção dessa escola pedir aos alunos criarem um desenho ou pintura para ser impressa sobre um tecido. Pronto, assim foi solucionado o presente do dia das mães. Uma ideia simples e boa, não fosse o conceito de arte, estética, expressão, respeito e educação que dá corpo a essa escola.
Um menino de nove anos, orgulhoso com o trabalho que a mãe desempenha com deficientes físicos, desenhou uma mulher de pé ao lado de uma pessoa sentada numa cadeira de rodas. Depois de enviados todos os desenhos para a direção, o dele voltou para as mãos da professora com um pedido para que ele fizesse um outro. A alegação da diretora era de que aquele desenho era muito deprimente, muito macabro.
O menino então, confiante em sua auto expressão fez um outro com a mesma cena, porém agora emoldurada por um grande coração vermelho.
Mais uma vez não passou pela censura. Voltou o desenho e com ele agora também a coordenadora, que a pedido da diretora explicou pessoalmente para o menino:
– Você não tem que fazer nada que tenha a ver com o trabalho da sua mãe, entende? Basta fazer uma coisa bem bonita para o dia em homenagem a ela.
Sabem, ouso dizer que a direção dessa escola é “poderosa”, porque talvez ela tenha realmente eliminado, ou ao menos reduzido, a capacidade de expressão plástica desse menino, mas a mim, certamente ela conseguiu deixar sem palavras.
Mas ainda me restou dizer:
Professores, coordenadores, arte-educadores e todos que estejam à serviço da educação:
Revejam constantemente seus valores e os valores da arte.
Repensem o próprio conhecimento sempre.
Mantenham suas estéticas livres e em constante transformação assim como vocês mesmos.