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Relações com o sensível

Sensibilidade não é fragilidade, é percepção aguçada. Uma potência humana que pode agir a favor quando não desanda e se transforma em devaneio.

Ao se acessar a sensibilidade, é estabelecida uma relação particular entre o indivíduo que a acessa e a questão ou objeto de sua contemplação.
Acredito que esse acesso ao sensível tende a promover a ampliação ou a intensidade do foco de uma observação, podendo nutrir esse foco observador com elementos associadores ou dissociadores, dependendo de como se faz uso dele.

Portanto o que quero dizer é que, apesar de promotor da ampliação, esse acesso ao sensível, nem sempre produz resultados positivos ao indivíduo ou à situação que é vista através da sensibilidade. Por vezes, comprometimentos emocionais desviam o indivíduo do seu ponto de interesse atual imiscuindo-o com pontos localizados nas origens de certas questões que têm se apresentado no mínimo incômodas.

Por isso, observa-se que a sensibilidade é, muitas vezes, intencionalmente controlada ou reduzida por uma pessoa, como tentativa de autoproteção. Algo como: “Não sinto, portanto não sofro”. Uma estratégia de “blindagem” para que o indivíduo defendido não estabeleça contato com a dor, frustração, rejeição, etc. No entanto, enquanto ele se protege, negando a própria sensibilidade, também não permite a transformação, revisão ou mesmo a sublimação de dores primárias (dores antigas). Essas passam então a existir sob a forma de resíduos, que influenciarão na percepção de toda e qualquer outra experiência atual e futura.

Ao reduzir a sensibilidade, ou, ao aplicar essa anestesia no sensível, o indivíduo deforma suas novas experiências e, aparentemente, reduz o seu campo de inteligência, porque limita seus recursos simbólicos. Afinal, a simbologia é uma espécie de “metaforização” do pensamento e da linguagem. Uma transcendência da linguagem puramente concreta, formal. É ela, a simbologia, que lança o pensamento e a ação no ilimitado, no poético, na arte.

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