Infelizmente, objetivos tornaram-se uma prioridade cada vez maior e mais disseminada nos lares e instituições educacionais, assim como também nos ambientes profissionais contemporâneos.
A importância que a nossa cultura vem depositando no objeto como meta e consequentemente nos objetivos como princípio para a formação dos indivíduos, é a meu ver a grande responsável pelo crescimento da frustração, da angústia e da depressão, tanto em adultos quanto em crianças, imobilizados pela sensação de incompetência.
Se por um lado as metas são recursos extremamente organizadores do pensamento e da ação, o que me preocupa é a linha reta que em geral conduz e dá forma a elas, já que as possíveis colaborações de acasos durante o percurso de uma meta, não costumam ser considerados.
Metas são sempre “objetos a conquistar” ou “sujeitos” transformados em objetos de conquista. São idealizações que podem dissociar o homem de sua essência (sensibilidade, identidade, sensação, opinião, sentimento…). Além disso, qualquer meta está sempre comprometida com inúmeras variáveis mas nem sempre consideradas, como é o caso dos desejos individuais, as diferentes capacidades, os diferentes talentos.
Há uma previsibilidade nos objetivos que talvez seja vista como um “porto seguro” a ser alcançado e uma imprevisibilidade nos processos, que, apesar de serem excelentes terrenos para a criação, podem também vir a questionar a própria meta, modificando ou até a inviabilizando. Quando o prazer se localiza unicamente no resultado, essa possibilidade gera inevitavelmente insegurança.
Nos moldes atuais, quando se cria um objetivo, seja ele qual for, vive-se exclusivamente a expectativa dos resultados e pouco se observa ou se aproveita do processo. Há um equilíbrio entre metas e processos que precisa ser observado, afinal é exatamente para os processos, que dispensamos o maior tempo de nossas vidas e com eles experimentamos, aprendemos e nos desenvolvemos.