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Os certos e os errados

Era a minha primeira supervisão para os professores daquela escola. Quase todos já se encontravam reunidos numa sala discutindo seus programas de ensino. O meu objetivo era levar o grupo à reflexões sobre as relações que vinham estabelecendo com seus alunos.

Enquanto esperava, chegou uma professora de artes e a partir de uma pergunta que ela me fez desenvolvemos uma conversa bem interessante a respeito dos critérios que algumas pessoas adotam para justificar a discriminação dos “certos” e dos “errados” na arte.

Ela me disse que essa era uma questão muito presente em sua turma de adolescentes

É sem dúvida um assunto muito vasto que muitas vezes tem origem em pequenos grupos humanos que agem com esses recursos para manter algum tipo de controle social. A favor disso existe uma aparente comodidade oferecida por tudo que é comum, ordinário e o incômodo que passam a causar as ações extraordinárias.

Para trazer o assunto da teoria para uma experiência artística, sugeri à professora uma proposta que instigasse pensar essa questão em seu grupo de adolescentes.

Propus uma atividade dividia em dois momentos:
No primeiro momento o professor ensina técnicas simples para a confecção de utilitários em argila (aquelas técnicas tradicionais, encontradas em qualquer publicação para iniciantes na cerâmica).

No segundo momento, a ideia é propor aos alunos que interfiram produzindo mudanças pessoais nessas peças, como amassados, cortes e deformações.

Com os resultados obtidos no primeiro e no segundo momento , discutir as diferenças criativas entre os processos que são seguidos passo a passo e os que são desenvolvidos considerando as soluções particulares.

Durante o debate, sugiro que sejam levantadas as possibilidades identificadoras que são oferecidas pelas diferenças.

Chegou o horário da nossa supervisão e entramos na sala. Foi quando pude ainda escutar o final da conversa entre um professor e uma professora.

O assunto era sobre uma “técnica” que um deles vinha aplicando para conter o grupo. Ele separava seus alunos em duas “colunas”: uma para os alunos que valem a pena porque se interessam e a outra reservada para os que só atrapalhavam.

Escutar aquilo me mostrou que o que vinhamos conversando sobre certos e errados precisava ser na verdade o tema daquele encontro. Mudei a linha de propósitos que eu havia construído para aquela supervisão e lancei um tema para discutirmos:
O que é qualidade na arte?

Fui confiante, porque certamente os certos e errados seriam parte importante desse assunto.

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